Luiza de Abreu Andrade um espírito muito querido por todos nós, então sempre que citarmos seu nome colocaremos como Irmã Luiza. Uma forma de expressarmos nosso carinho e gratidão.
Em 24 de junho de 1858 viera ao nosso mundo uma menina que receberá o nome de Luiza de Abreu Andrade, que segundo seus progenitores tornou-se protestante.
Mais tarde encontramos Luiza casada, mãe de duas filhas, morando na Rua do Gasômetro, no Brás, trabalhando na cozinha de um bar que seu marido possuía.
Foi nessa lida que certo dia deixou cair uma chaleira de água fervente sobre seus pés, o que lhe ocasionou uma seria queimadura que logo se transformará em uma ferida terrível, e que se agravava a cada dia que passava, obrigando Irmã Luiza recorrer a medicina. Porém, não foi possível obter a cura.
Certo dia encontrou uma amiga, que ao perceber seu estado aflitivo, aconselhou buscar a cura através do espiritismo. Irmã 'Luiza sendo protestante recusou a oferta da amiga naquele momento. Mais tarde em outro encontro sua amiga verificando as condições difíceis da Irmã Luiza, que no momento até pensava em suicídio, insistiu novamente falando:
- Luiza, sua queimadura já tornou-se de 2° grau e cada dia está pior.
Irmã Luiza refletira sobre a situação e verificou que não tinha outra forma a ser submeter se atender a sugestão da amiga. Assim, ambas dirigiam-se a um Centro Espírita, que se localizava na mesma rua onde morava. Ao entrar pela primeira vez em um Centro Espírita, sentiu receio e acanhamento, que todos sentem, afinal Irmã Luiza era contraria a Doutrina dos Espíritos. Assim, ela e sua amiga sentaram-se bem longe da mesa de trabalho, lá no último banco.
Logo após a abertura dos trabalhos, uma entidade se manifestou através de um médium da mesa, acusando a presença de Irmã Luiza da seguinte forma.
- Até que enfim ela veio!
O dirigente do trabalho perguntou ao manifestante a quem ele se referia.
- É com aquela Senhora que está lá no fundo da sala com o pé doente. A senhora demorou para seguir a Doutrina do Espíritos, sou o responsável pelos males que vem sofrendo, pois fui eu quem derrubou a chaleira com água fervente em seus pés ocasionando essa ferida que a medicina não conseguia curar. Mas agora a Senhora não precisa se preocupar, é só lavar os pés quatro vezes ao dia com água fluidificada (energizada), que em menos de oito dias estará completamente curada.
E isso aconteceu.
Irmã Luiza compreendeu pelas diversas provas que a Doutrina Espírita não era o que ela supunha ser, mas sim algo real. Dessa forma Irmã Luiza iniciou sua caminhada como espírita, desenvolveu a sua mediunidade em diversos graus: vidência, auditiva, intuitiva, de transporte e curadora. Irmã Luiza mudou-se para Rua Frei Gaspar, onde as famílias necessitadas a procuravam, o remédio que ela indicava era água fluidificada e muitas foram as curas obtidas. Novamente ela mudou de residência e desta vez foi para o Largo do Belém.
Lá um advogado o Dr. Loureiro estava com câncer no rosto, recorrera a medicina, mas não obteve a cura e chegou a ser desenganado pelos médicos. Um menino que era seu empregado, vendo o seu sofrimento o aconselhou a procurar Irmã Luiza, onde não aceitou. Porém como último recurso procurou um famoso especialista no Rio de Janeiro, e após a consulta ele disse ao médico que queria a verdade, mas o médico para falar a verdade cobrou 50 mil réis pela consulta. E como o Dr. Loureiro insistiu na verdade lhe pagou o valor e o médico lhe informou que o seu mal era incurável.
De volta a São Paulo, desanimado e muito triste, seu empregado tornou a insistir:
- Dr. Loureiro, o Sr. já procurou todos os meios possíveis e não encontrou a solução para seu mal, porque não procura a Irmã Luiza?
Desta forma Dr. Loureiro sem outra opção a procurou. Foi aconselhado que ele fizesse um estágio no interior de São Paulo, por seis meses, usando a água fluidificada que Irmã Luiza lhe prepararia. Após os seis meses voltou a casa de Irmã Luiza para mostrar que o mal já tinha diminuído mais da metade, foi aconselhado que ele deveria continuar no interior tomando e usando sempre o remédio indicado, por mais algum tempo. Quando retornou novamente para São Paulo, já estava completamente curado. Nessa época um fazendeiro sofrendo de tuberculose no ultimo grau de sua doença, e desenganado pelos médicos, procurou Irmã Luiza e ficou completamente curado, usando somente água fluidificada.
Tanto o advogado como o fazendeiro estavam felizes, pelas curas que obtiveram e dentro dessa alegria, se reuniram e compraram um terreno e construíram um prédio, no largo do Belém que ofereceram a Irmã Luiza, mas ela sugeriu que a escritura fosse lavrada em nome de CENTRO ESPÍRITA PAZ, AMOR E CARIDADE. Assim Irmã Luiza mudou-se para lá.
Uma Senhora com câncer maligno no seio, foi mandada embora da Santa Casa, desenganada em sua cura, recorreu a Irmã Luiza, a qual recomendou que lavasse o local doente quatro vezes ao dia com água fluidificada, e assim ficou completamente curada. Francisco Esmênio foi o primeiro presidente do Centro Espírita Paz, Amor e Caridade, ele era parente de terceiro grau de Giro de Martino. Giro Martino desde 12 aos 15 anos, chorava constantemente sem ter motivo aplausível e por esta razão Francisco Esmênio levou Giro para conhecer Irmã Luiza. Giro aproveitou o momento para pedir um remédio, e ela lhe disse para aguardar o término dos trabalhos. Ao término dos trabalhos Irmã Luiza se dirigiu até Giro que aguardava uma resposta e ela lhe disse.
- Querido Giro, o seu remédio é a Doutrina Espírita, não se afaste mais dela.
Desde então Giro tornou-se um trabalhador espírita e cumpridor de suas tarefas. O irmão Giro relatou o seguinte fato:
Um dia ele viajava de bonde, onde estava sentado no meio do bonde, que se localizava no meio do bonde, em dado momento, devido uma batida de bonde, uma das traves protetoras do bonde saiu de onde estava e veio chocar-se a sua cabeça.
Como a pancada foi forte, o levaram para o hospital, onde os médicos após os exames decidiram operar, pois a pancada tinha afetado o cérebro. A operação seria realizada no dia seguinte. Mas naquela noite, irmã Luiza se fez presente ao Giro e lhe informou que, se ele submetesse a cirurgia, ele passaria ao plano espiritual com antecedência. Com isso Giro, ajuntou o seu pertence e saiu do hospital.
Um outro caso que ocorreu com Irmã Luiza foi: O Centro Esotérico da Comunhão do Pensamento convidou Irmã Luiza para uma sessão, com intuito de fazer uma verificação aos doze diretores que estavam presentes e sentados a mesa, Irmã Luiza pediu que cada um escrevesse um pensamento numa folha de papel e colocasse dentro de um envelope, em seguida aproximando-se de cada um, e a todos foi dizendo o que cada um colocara escrito dentro do envelope sem qualquer erro. Com isto foi grande a simpatia e alegria dos diretores para com Irmã Luiza e convidaram-na para participar dos trabalhos com eles, mas após agradecê-los pelo convite, os respondeu que já trabalhava em um Centro Espírita.
Passou o tempo e como acontece a todos os seres encarnados, chegou o dia da volta da Irmã Luiza para o plano espiritual. ( dia 29 de Julho de 1923).
Correram à casa dela todos os amigos e irmãos da Doutrina, que choravam e diziam:
- E agora? Como vamos fazer sem a nossa bondosa Mãe Luiza?
O corpo estava inerte dentro do caixão que estava sobre uma mesa, mas em dado momento o espírito da Irmã Luiza, usando o médium Dirceu, um trabalhador da casa, disse àqueles que choravam e reclamavam:
- Por que choram? Não vêem que agora estou mais viva do que antes. Agora sim meus irmãos queridos, posso realmente ajudá-los e protegê-los melhor do que antes!!!.
O cortejo fúnebre foi enorme, o féretro já se encontrava no cemitério da Quarta Parada, e ainda havia carros saindo do Centro Espírita “Paz, Amor e Caridade”, em homenagem a nossa tão querida Irmã Luiza Abreu de Andrade. Neste instante, roga a Deus nosso Pai querido, que ilumine a mente de todos nós para que seja possível compreendermos realmente esta maravilhosa lição da nossa mentora.
Obrigada querida irmã Luiza por esta lição.
HOMENAGEM À LUIZA DE ABREU ANDRADE, MENTORA DA NOSSA CASA, EM 29 DE JULHO DE 1939, EM UM JORNAL ESPÍRITA DA ÉPOCA, APÓS O SEU DESENCARNE.
SALVE, IRMÃ LUIZA
Dezesseis anos, são passados depois que daqui para essa vida sideral da paz e da luz, com que nosso Pai e Criador recompensa a todos que na trajetória desta vida terrena, foram expurgados no cadinho do sofrimento e das dores.
Tu, também, as sofreste e elas, foram-te bastante acerbas, mas, pela tua bondade e paciência, sabias ocultá-las no recôndito de teu coração angélico.
Sofrias em vossa alma a dor produzida pelo gume do punhal vibrado pelo braço ágil da mesquinha e ignóbil ingratidão e muitas vezes ouvi de teus lábios a prece partida de teu coração dolorido que se evolava ao meigo e puro Jesus, repetindo aquelas suas memoráveis palavras: Pai, perdoa-os por que eles não sabem o que fazem!
Muitas vezes, ainda, com uma lágrima a rola pelas faces, após essa prece, corrias pressurosa, para ires enxugar as que rolavam pelas faces de nosso irmão que impelido pela dor e pela miséria, esperava-te no salão de nosso Centro e ai, com semblante meigo e palavras repassadas de ternura, confortavas aquela alma aflita.
Às vezes era outro nosso infeliz irmão que com semblante alienado e a trescalar emanações alcoólicas, recebia teus passes fluídicos e muitos deles foram libertos do hediondo vício do alcoolismo.
Pobres irmãs nossas atiradas pela prostituição, a mais abjeta sordidez das tascas e das sarjetas imundas, tiveram em ti o anjo salvador, sendo dali tiradas e completamente reerguidas, recuperaram a moral perdida e algumas delas, ainda, se tornaram esposas e mães!
Muitas chagas asquerosas, foram por tuas caridosas mãos lavadas e pela aplicação de remédios, por ti, foram curadas!
Vicente de Paulo, era por ti venerado e tal qual ele fazia, recebias e distribuías.
Recebe, espírito bondoso os fluidos de Jesus, derrama-os sobre nós e vela pelo Templo da Caridade que aqui deixaste!
José Alves Ferreira