sábado, 23 de fevereiro de 2013

Caridade e Mãos Vazias


Amilcar Del Chiaro Filho

A conversa seguia animada naquela roda de amigos. Alguns comentavam as dificuldades da vida, a violência, a miséria, o egoísmo. 

O mais velho deles dizia: Existe uma doutrina que tem por lema – Fora da Caridade não há Salvação. Explica que a caridade não é apenas dar coisas materiais, mas, conviver, respeitar, aceitar o próximo como ele é, amar. A caridade não é dinheiro; é um ato de amor, é dar-se a si mesmo, o que sublima a personalidade e recompensa a renúncia com a alegria.

Outro mais jovem, disse: – Eu tenho as mãos limpas, porque nunca fiz o mal com a intenção de fazê-lo. 

O primeiro amigo retrucou: – Limpas, mas vazias!

Um outro amigo, ainda jovem, contudo muito sábio, completou: Viver em caridade, é aprender a viver para os outros, deixar de pensar apenas em nós, e perceber que em cada minuto da nossa vida, enquanto repousamos ou nos alimentamos, ou nada fazemos na ociosidade, ou então fazendo coisas reprováveis, ruíns, maldosas, há milhões de seres humanos, nossos irmãos que morrem de fome, de frio, castigados pelas secas ou pelas inundações e perdem o pouco que possuem. Enquanto gozamos na indiferença, milhões 
de crianças morrem, no mundo, de fome, de diarréia, de verminose, de desamor. Não poderíamos salvá-los todos, mas salvar muitos, como podemos salvar os que estão vivos. 

E a violência, o tráfico de drogas que mata com armas sofisticadas? Indagou outro amigo. 

– Só podemos vencê-los com a paz, e não com o pulso armado, respondeu o mais velho. 

Abaixei a cabeça, ante a sabedoria dos amigos. Saí a passos lentos, meditando sobre tudo que ouvi. 

Vamos agir para o bem, porém com a paz no coração.

(Artigo reproduzido com a autorização do autor)




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